Christiane Angelotti
Entre os baobás que conheci através das histórias, o Chapman me marcou profundamente. Ele era um gigante de Botsuana, com cerca de 25 metros de circunferência e 5.000 anos de idade. Era chamado de Sete Irmãs, por seus sete troncos que pareciam se abraçar, formando uma imagem de união, força e acolhimento. Saber que um dia existiu uma árvore tão majestosa e que ela não está mais aqui traz um tipo peculiar de melancolia.
O Chapman morreu em 2016, depois de mais de uma
década sem água suficiente. E pensar nisso dói. Afinal, os baobás são
conhecidos por armazenar água em seus troncos, o que os torna símbolos de
resiliência. Mas até mesmo eles têm limites. Descuidar do essencial, mesmo para
um ser tão forte, é fatal.
Esse ciclo de resistência e fragilidade me faz
pensar no amor, tema recorrente para mim. Quantas vezes nos entregamos a amores
que parecem prometer abrigo, mas acabam nos esgotando? Tentamos ser fontes
inesgotáveis de cuidado, esquecendo que também precisamos ser nutridos. Como os
baobás, acumulamos força para resistir às secas da vida, mas sem o sustento
necessário, rachamos, enfraquecemos, até não conseguirmos mais.
O Chapman me ensinou que mesmo os gigantes precisam
de cuidado. Que o amor mais verdadeiro começa com a atenção a si mesmo.
Resistir é lindo, mas saber parar para cuidar das próprias raízes é um ato de
coragem.
Os baobás são metáforas vivas. Majestosos, fortes,
mas profundamente dependentes do essencial. Assim somos nós. Amar é grandioso,
mas para que nossas próprias histórias sobrevivam ao tempo, é preciso
equilíbrio. A lição do Chapman é clara: cuidar do que nos mantém de pé, nos
amarmos é tão importante quanto amar o outro. E isso, talvez, seja o maior
mistério que os baobás guardam.
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