segunda-feira, 21 de abril de 2025

A Felicidade Já Mora Aqui


Christiane Angelotti


"Felicidade se acha é em horinhas de descuido." Essa frase, que parece ter saído do coração de Guimarães Rosa no conto “Barra da Vaca", poderia ter sido escrita por todo aquele que já sentiu o tempo parar por um instante bom demais para ser planejado. 

Tenho passado por dias mais introspectivos e pensado muito sobre a felicidade. Não como quem persegue uma promessa distante, mas como quem recolhe conchas na beira do mar: uma a uma, olhando de perto, escolhendo pelas cores e formatos, não pelo tamanho. Percebo, cada vez mais, que ela aparece quando estou distraída, desarmada, inteira. 

domingo, 6 de abril de 2025

O Amor, o Farol e o Zênite

 Christiane Angelotti 

 

    Há dores que o corpo não consegue traduzir. Sabemos que é o cérebro quem orquestra as emoções, que sente, calcula e tenta entender. Mas há momentos em que o coração pesa, como se uma fisgada profunda nos lembrasse que o amor tem uma geografia própria, um território que a Ciência ainda não mapeou.  

Faz três anos que o Rodrigo partiu. Três anos de ausência física, mas sua presença nunca se apagou. Em muitos dias, sinto a força do que vivemos — um amor intenso, verdadeiro, que desafiou o tempo, as diferenças e até mesmo o fim. Um amor que me transformou de maneiras que eu nunca poderia imaginar.  

Tem gente que passa uma vida inteira sem saber o que é viver algo assim. Eu vivi. E fui presenteada por isso. Porque o amor, mesmo quando termina em morte, não termina. Ele vira outra coisa. Vira energia. Vira coragem. Vira bússola. 

Após a partida do Rodrigo, descobri uma vitalidade que desconhecia. Uma força que brotou de dentro de mim, como se o amor dele estivesse me sussurrando que a vida precisava seguir. Realizei coisas que nem sei como consegui. Fui mais forte do que jamais pensei ser.