Christiane Angelotti
Pensei nele esta semana, não por acaso. Porque eu também fui, por um tempo, uma espécie de Funes afetiva: lembrava de cada palavra, cada silêncio, cada microgesto. A lembrança excessiva me trouxe medo, julgamentos — e foi fechando, pouco a pouco, as portas do meu coração. Deixei de acreditar nas boas experiências que a vida poderia oferecer e, como consequência, perdi pessoas especiais. E, nesse processo, também me perdi de mim mesma. A memória virou um cativeiro, onde as emoções se repetiam sem espaço para a cura.