sábado, 11 de janeiro de 2025

A caçadora de vaga-lumes



Christiane Angelotti

 

Quando eu era criança, por volta dos oito anos, eu queria ser uma caçadora de vaga-lumes. Estranho, não? Mas é sério! Eu achava que eles guardavam um tipo de mágica, com a qual eu teria controle quando tivesse capturado uma quantidade considerável dos pequenos insetos. Como a lâmpada mágica do gênio de Aladim, eu os colocaria no meu pote. O pote dos desejos. Eles piscavam como se tivessem um segredo a revelar, uma luz que só aparecia quando ninguém estava olhando.

E como sempre imaginei histórias, tive dificuldade em separar imaginação da realidade. Construí essa narrativa e passei a acreditar nela. Naquele tempo, minha imaginação era meu superpoder, transformava qualquer coisa em aventura, e os vaga-lumes eram heróis em uma história só minha.

Capturei alguns em uma noite linda no sítio dos meus tios. Não foi nada difícil, havia vaga-lumes por toda parte. A grama molhada esfriava meus pés descalços, e o cheiro doce de terra úmida se misturava ao som dos grilos, enquanto eu corria pelo campo atrás das pequenas luzes flutuantes.

Prendê-los no pote me deu uma sensação de vitória. Eu venci! – Pensei (acho que até gritei). Mesmo sem saber o que. Somos condicionados a vencer, de modo que estamos quase sempre disputando algo, mesmo que seja com nós mesmos. Era como se capturá-los fosse um atestado de que eu tinha poder sobre algo, mesmo sem saber exatamente o quê. Talvez fosse uma necessidade de provar que eu também brilhava.

No começo os vaga-lumes voavam em círculos dentro do pote. Depois passaram a se chocar contra as paredes de vidro. Um a um pousavam no fundo. Finalmente, contei. Eram cinco. Aos poucos, percebi que algo estava errado. O brilho mágico que eu tanto queria aprisionar parecia se render à escuridão. O pisca-pisca começou a espaçar, foi enfraquecendo, e toda a luminescência se apagou de vez. Meu peito apertou, como se fosse culpa minha apagar o que era tão belo. Observando, esqueci de fazer o meu pedido.

Que azar! Não lembro o que eu ia pedir. Provavelmente um dia de paz na minha casa, sem brigas, com comidas gostosas, música e sorrisos. Como nos dias de festa. Os pedidos de uma menina de oito anos. Hoje, adulta, pediria viagens, um amor (os dois juntos de preferência) e saúde para quem eu amo. Talvez a saúde para quem eu amo venha em primeiro lugar. Engraçado como os pedidos mudam, mas a essência continua a mesma: algo simples, como dias de festa, ou algo profundo, como saúde e amor. Talvez eu nunca tenha parado de procurar uma forma de capturar momentos mágicos.

Dentro do pote de vidro, que outrora peguei emprestado da minha avó para caçar vaga-lumes, havia farelos de biscoitos caseiros que assei no dia anterior para receber amigos para um café. Mas também guardava a lembrança de um passado quando acreditei que poderia controlar a natureza das coisas. O pote, que um dia guardou meus vaga-lumes, agora carrega migalhas de afeto em forma de biscoitos. Ele me lembra de como a vida é isso: tentamos segurar a mágica, mas ela sempre encontra um jeito de se transformar.

Foi naquele momento que aprendi uma das primeiras lições da minha vida: a mágica não seria minha quando conseguisse prendê-los no pote de vidro. Ela seria minha quando soubesse apreciá-los livres, piscando e iluminando as noites escuras. Essa lição ainda ecoa em mim. Talvez seja assim com tudo que amamos — pessoas, momentos, sonhos. A mágica está em deixá-los livres, em apreciá-los como são, sem tentar aprisioná-los em nossos potes de expectativas.


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