Christiane Angelotti
Aqui, compartilho histórias, reflexões e tudo que me inspira. Seja bem-vindo(a)!
Christiane Angelotti
Christiane Angelotti
Era mais um fim de tarde entre muitos, o metrô pulsando como um coração cansado, repleto de almas apressadas, cada uma encolhida em seu próprio universo, buscando uma saída — ou talvez um refúgio.
Esperava o trem quando, em meio à multidão, avistei uma jovem sentada no chão, chorando. Mas não era um choro qualquer. Ela ofegava. Tremia o corpo inteiro. Como se cada lágrima carregasse o peso de um mundo em ruínas.
Aquela cena me atravessou como uma flecha. Ninguém parava. Ninguém olhava. Era como se ela fosse invisível, um fantasma entre os vivos. Mas eu não consegui ignorar.
Christiane Angelotti
“Este é o primeiro pôr do sol em muito tempo.”
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As palavras de Fatima Hassouna ecoam em minha mente enquanto olho pela janela. O céu se despede em tons de laranja e lilás, e percebo como cada fim de tarde carrega um significado único. Para mim, é um dos momentos mais encantadores do dia. Para outros, pode ser a primeira visão do céu em paz. Para alguns, talvez a última. Há quem veja o pôr do sol como um alívio depois de dias de escuridão — por causa da dor, da prisão, da doença, da guerra. Há quem nem o note. Mas há também aqueles que o observam como uma despedida. Como foi o caso de Fatima.
Christiane Angelotti
Em um mundo onde as redes sociais se tornaram vitrines de nossas vidas, somos constantemente bombardeados por imagens e histórias que, à primeira vista, parecem nos conectar. No entanto, ao mergulharmos nesse universo digital, nos deparamos com um paradoxo: quanto mais nos expomos, mais distantes nos sentimos. As interações que deveriam nos aproximar muitas vezes se transformam em diálogos rasos, onde o "curtir" substitui o "como você está?". E essa distância do outro também revela a distância que vamos nutrindo de nós mesmos, da nossa essência.
Christiane Angelotti
"Felicidade se acha é em horinhas de descuido." Essa frase, que parece ter saído do coração de Guimarães Rosa no conto “Barra da Vaca", poderia ter sido escrita por todo aquele que já sentiu o tempo parar por um instante bom demais para ser planejado.
Tenho passado por dias mais introspectivos e pensado muito sobre a felicidade. Não como quem persegue uma promessa distante, mas como quem recolhe conchas na beira do mar: uma a uma, olhando de perto, escolhendo pelas cores e formatos, não pelo tamanho. Percebo, cada vez mais, que ela aparece quando estou distraída, desarmada, inteira.
Christiane Angelotti
Faz três anos que o Rodrigo partiu. Três anos de ausência física, mas sua presença nunca se apagou. Em muitos dias, sinto a força do que vivemos — um amor intenso, verdadeiro, que desafiou o tempo, as diferenças e até mesmo o fim. Um amor que me transformou de maneiras que eu nunca poderia imaginar.
Tem gente que passa uma vida inteira sem saber o que é viver algo assim. Eu vivi. E fui presenteada por isso. Porque o amor, mesmo quando termina em morte, não termina. Ele vira outra coisa. Vira energia. Vira coragem. Vira bússola.
Após a partida do Rodrigo, descobri uma vitalidade que desconhecia. Uma força que brotou de dentro de mim, como se o amor dele estivesse me sussurrando que a vida precisava seguir. Realizei coisas que nem sei como consegui. Fui mais forte do que jamais pensei ser.
Christiane Angelotti
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* Eros e Psiquê, de Antonio Canova |
Aqui estou eu novamente, falando sobre o amor. Talvez eu goste de me desafiar a abordar esse tema que me é tão caro, tentando esgotar as possibilidades de descrevê-lo sem cair nos clichês. Nesse processo, reflito e aprendo. Convido você a refletir comigo também.
O amor. Palavra frequentemente dita, desejada, sonhada, mas que, muitas vezes, parece flutuar como um perfume efêmero. O que, afinal, é o amor? É um sentimento que se expressa em gestos, em olhares, em palavras sussurradas ao pé do ouvido? Ou, talvez, uma presença que se faz sentir mesmo na ausência?
Christiane Angelotti
Christiane Angelotti
Todos os dias pego o transporte
público para ir ao trabalho. Gosto de observar o trajeto, as pessoas, as
histórias que passam à minha frente.
Os dias parecem iguais na rotina do cotidiano, mas nunca são. Infelizmente, nem todos percebem isso. Mas essa é uma das poucas vantagens de que posso me gabar: eu vejo. Talvez por sempre ter tido vontade de contar histórias, talvez por ser apenas a minha forma de existir. Observar, atravessar o óbvio, captar aquilo que não se impõe, mas sussurra.
Christiane Angelotti
Não pode ser isso. Não comigo.
Amar desordena, bagunça os dias, abre portas que eu
tranquei.
Minha vida está calma, minha rotina intacta—
e eu não quero nada que escape do meu controle.
Falo com você porque gosto.
Gosto do som da sua voz ao final do dia, do jeito que me entende sem que eu precise explicar.
Christiane Angelotti
Entre os baobás que conheci através das histórias, o Chapman me marcou profundamente. Ele era um gigante de Botsuana, com cerca de 25 metros de circunferência e 5.000 anos de idade. Era chamado de Sete Irmãs, por seus sete troncos que pareciam se abraçar, formando uma imagem de união, força e acolhimento. Saber que um dia existiu uma árvore tão majestosa e que ela não está mais aqui traz um tipo peculiar de melancolia.
Christiane Angelotti
Hoje, quero
compartilhar pensamentos sobre o amor tido como “amor romântico” ou eros — mas
sem a bobagem da idealização que muitas vezes o acompanha. Idealizar é
distorcer a realidade, é negar as pessoas em sua essência e roubar do amor a
riqueza de ser genuíno. Essa reflexão, embora focada em um tipo específico de
amor, serve para todos os seus aspectos.
Christiane Angelotti